Crescemos em uma cultura ocidental que aplaude os competidores mais fortes e tem a cooperação como um sinal de ingenuidade. Aprendemos sob a ótica do paradigma cartesiano, no qual o que não pode ser medido, manipulado, tocado ou experimentado não é real. Nos disseram que somos separados e assim vivemos independentes, em nossos condomínios, grupos e projetos em busca de liberdade.

Todas essas crenças modelaram nosso mundo, são elas que nos conduzem como máquinas a produzir sem cessar para sobreviver aos concorrentes. Nosso valor como indivíduo está centrado no ter, no comprar, no destacar, em atender nossos desejos materiais, como se nossa missão de vida fosse ser o consumidor mais poderoso possível.

A satisfação dos nossos desejos e necessidades seria o caminho da felicidade, uma busca dos novos tempos, que aparentemente não tem sido encontrada na riqueza. Muitas pessoas estão infelizes mesmo parecendo ter tudo. Portanto, a suposição básica de que dinheiro não traz felicidade está clara. E se manda buscar, não tem garantido que fique por muito tempo.

Então, qual o tipo de satisfação poderia ser mais sustentável?

Será que vivemos para satisfazer nossos desejos?

Será que somos criaturas gananciosas, egoístas, consumistas e agressivas lutando por um lugar ao sol e destruindo nosso planeta?

Acreditamos que a essência do ser humano é cooperativa, pois somos seres relacionais. O ser humano solitário é uma impossibilidade, nascemos da união de duas pessoas, sem elas não aprenderíamos a falar, a andar, a alimentar etc. Não somos fortes, não somos rápidos, não temos presas como nossos parentes primatas. Sobrevivemos pela nossa habilidade de cooperar e cuidar uns dos outros. Tudo que nós queremos é pertencer, fazer parte de algo realmente significativo.

A busca de um propósito de vida é um convite para expandir sua consciência e despertar para novas perspectivas e possibilidades. Existe mais vida do que consertar as coisas que estão quebradas, cumprir suas rotinas e obrigações com peso e conflitos. Existe um ser humano funcionando plenamente dentro de você, com todos os recursos internos e potenciais para viver uma vida real com significado e paixão, com grandeza, contribuindo com plenitude e fazendo diferença no mundo. Isso envolve basicamente autoconhecimento e autoliderança.

Por Marcella Santos